quinta-feira, 21 de junho de 2007

Respondendo à Mariana e Daniela sobre o desejo

O prazer e a dor suscitam o desejo. Desejo de alcançar o prazer e de evitar a dor. O desejo é o móbil principal da nossa vontade e, portanto, dos nossos actos. Do pólipo aos homens, todos os seres são movidos pelo desejo. Inspira a vontade, que não pode existir sem ele, e depende da sua intensidade. O desejo fraco suscita, naturalmente, uma vontade fraca.
Cumpre, no entanto, não confundir vontade e desejo, como fizeram muitos filósofos, tais como Condillac e Schopenhauer. Tudo quanto é querido é, evidentemente, desejado; mas desejamos muitas coisas que, sabemos, não podíamos querer. A vontade traduz deliberação, determinação e execução, estados de consciência que não se observam no desejo.
O desejo estabelece a escala dos nossos valores, variável, aliás, com o tempo e as raças. O ideal de cada povo é a fórmula do seu desejo.
Um desejo que invade todo o entendimento, transforma a nossa concepção das coisas, as nossas opiniões e as nossas crenças. Spinoza disse que julgamos uma coisa boa, não por julgamento, mas porque a desejamos.

4 comentários:

Karl Macx disse...

Olá,

Agradeço imenso o link ao meu humilde estaminé e fiz o devido retorno.
Parabéns pelo blogue e serei visitante regular!

;)

tD@m disse...

Eu... desejo que continues a "dar de ti" (e tens muito para dar) a este teu/nosso espaço. Continua.

Inexitah disse...

"Esse método estóico de bastar às nossas necessidades suprimindo os nossos desejos equivale a cortarmos os pés para já não precisarmos de calçado" Jonathan Swift



gostei do blog :)

inês tojeira

vitorpt disse...

O Spinoza tinha cada uma... é claro que ele hoje diria "uma coisa mesmo boa, mesmo mesmo boa". O desejo está para o prazer, como o pastel de nata para o guloso... e o inverso também é verdadeiro. Mas às vezes é preciso desejar demasiado... o objecto é tão mauzinho.
Beijinhos!